QUEDA DE SISTEMA

Por Ed Santos

“Tio, posso dar uma olhadinha?” É assim que fui abordado quanto parei o carro em frente ao banco. Não bastasse aquele calor infernal e quase 10 minutos pra encontrar uma vaga. “Se é pra olhar, que seja bem olhado hein! Não quero nenhum pernilongo pousando ai em cima. Lavei o carro ontem!”, respondi tentando manter o ar de bom humor, e já me preparando pra arrumar umas moedas pra volta.

Sigo pro banco e fico numa fila daquelas, tipo centopéia e que demora uns 25 minutos pra que eu chegue no terminal. Não fiquei nenhum pouco nervoso quando o sistema ficou fora do ar quando restavam duas pessoas na minha frente. A saída foi respirar fundo, cantarolar algumas musiquinhas inconscientemente e esperar, porque a moça que faz a triagem no atendimento disse que “lá dentro caiu também e não tem previsão de volta, infelizmente”.

Meu dia de fúria estava começando. Precisava fazer um depósito e já eram quase três e meia da tarde. Não tinha conseguido sair na hora do almoço porque estava numa reunião tentando explicar pro meu chefe porque que eu não havia conseguido atingir as metas do mês. Depois ainda teria que explicar pra ele porque que eu demoro tanto quando vou ao banco.

O cheque ia compensar as 16h00 e eu ainda não havia conseguido sacar o dinheiro, até que às 16h10 eu saio correndo daquele lugar insuportável e atravesso a rua em direção ao outro banco pra agora fazer o depósito a tempo. Na saída percebi que o garoto que estava “olhando” meu carro, tava de papo com mais uns três, às gargalhadas enquanto fumavam tranquilamente uma bituca de cigarro que alguém havia jogado no chão.

Tive sorte que o sistema do outro banco estava funcionando normalmente, mas só consegui fazer o depósito às 16h23. Minha mulher não suporta quando um cheque dela volta. Saí enfim, daquela maratona em direção ao meu carro, louco pra ligar o ar condicionado e ficar alguns minutos pra ver se conseguiria secar a camisa toda suada. Lembrei que não tinha nenhuma moeda pra dar pro fumante mirim que estava a guardar meu patrimônio, e disse que depois dava um trocado pra ele. Ouvi um sarcástico “Vá com Deus!” acompanhado de um  “Deus  te dê em dobro!”.

Pior que isso seria chegar no escritório e encontrar palavras pra convencer o chefe que não entreguei o relatório por que o sistema da empresa “deu pau”.

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2 Comentários

Dani Jales disse…
Sei bem como é isso! E o pior é chegar em casa e perceber que os serviços os quais voce paga por eles (tv a cabo, internet) nao estão funcionando e vc ainda tem q se stressar com o telemarketing!
Conheço bem esta roda viva!
Estacionar, colocar moeda, ir pagar, voltar para o carro, seguir para o serviço ou para casa...
Complicado este retrato tão bem descrito neste texto!

Abraços!