COMPREENDENDO OS ANTIPÁTICOS

Por Gustavo do Carmo


Não vou escrever esta crônica para dizer que eu prefiro conviver com pessoas antipáticas. Pelo contrário. Não deveria existir antipatia no mundo. E nem estou desconfiando de todos os simpáticos. Mas compreendo os antipáticos e acredito que alguns deles são mais confiáveis do que aqueles que concordam com todas as suas opiniões, que sempre te tratam bem e estão sempre sorrindo para você. A traição de uma pessoa simpática dói mais do que o “fora” de um antipático.

O antipático não te dá confiança à primeira vista. Mas ele pode te ajudar nas horas mais difíceis. E mesmo com a sua antipatia ele te ajuda. Ajuda você a não ser bobo e ingênuo, a não acreditar sempre em tudo e fazem você amadurecer. Claro que nem todos os antipáticos ajudam. Tem gente arrogante até a alma.

Algumas pessoas mal intencionadas sempre fingem ser gentis e cordiais. Os contistas-do-vigário, por exemplo, são simpáticos e quando ganham confiança, te passam para trás. Roubam tudo que é seu. Lembra da história do Marconi Ferraço da novela Duas Caras? Tirando alguns excessos de licença poética, isso acontece na vida real.

Ainda da ficção uso as personagens que aparecem misteriosas e de caráter dúbio nas novelas e filmes, mas que no final se revelam grandes heróis. Em contrapartida, tem aqueles bonzinhos que mudam de lado. Alguns nem chegam a mudar. Antipáticos permanecem como vilões e os simpáticos são os mocinhos. Melhor assim.

Na vida real, os maiores exemplos de simpáticos que não são confiáveis são os políticos (além dos estelionatários, claro). Do outro lado temos os queridos antipáticos. Aquelas pessoas que ficaram famosas por seu talento profissional e também pelo mau-humor com que tratavam fãs e jornalistas.

Na minha vida pessoal, tive casos de simpáticos que me enganaram e me boicotam, mas não assumem (este segundo faço questão de colocar no presente). Os primeiros prometeram oportunidades, mas não cumpriram. Quando eu os cobrei, não gostaram. Assumiram a sua antipatia e me esqueceram. O antipático não promete nada. Dependendo do que você falar ou pedir, ele nem deixa você chegar perto dele. Eu mesmo confesso que sou um simpático falso. Às vezes, sou antipático.

O antipático não é um mau caráter. Sua antipatia é apenas por timidez e uma opção pessoal de não demonstrar sua confiança facilmente para ninguém que não lhe interessa. Por isso, respeito os antipáticos. Eles são humanos. E autênticos.

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3 Comentários

Anônimo disse…
Eu desconfio das pessoas muito boazinhas e simpáticas, quando a máscara cai, não sobra nada.
È melhor agente se tornar amigo de uma pessoa sabendo que ela é antipatica do que ir descobrindo aos poucos!!!
Marcos Mairton disse…
Tenho um amigo tão antipatico que outros amigos perguntam como consigo ser amigo dele.
Na verdade, é um grande a,gio.