JURO QUE NÃO É JABÁ!

Por Gustavo do Carmo


Eu juro que não estou fazendo jabá. Juro que não estou fazendo propaganda gratuita. Garanto que eu não estou escrevendo esta matéria fumando uma cédula de cem reais, porque eu nem fumo. Também não estou cheirando uma onça pintada (a ilustração da nota de 50, que fique bem claro) porque não cheiro. Tampouco não está caindo nenhuma chuva de dinheiro. Pra finalizar o meu juramento, não tem ninguém do Spoleto encostando uma arma nas minhas costas ou na minha cabeça, me obrigando a escrever esta crônica.

Claro que a última justificativa foi apenas uma brincadeira, mas o que eu quero dizer é que vou escrever para elogiar o Spoleto de forma honesta e sincera. Sem nenhuma intenção de ganhar alguma coisa em troca, seja dinheiro ou vale-massa para o resto da vida. Escrevo apenas porque eu queria há muito tempo fazer uma crônica sobre a rede de massas e a inspiração surgiu agora.

Bem, sou fã do Spoleto há quase três anos. Virou a minha melhor alternativa para saborear uma comida de verdade - que não seja hambúrguer do McDonald’s ou do Bob’s e pizza - na hora do almoço fora, sem recorrer aos restaurantes self-service a quilo, que eu detesto. Comida caseira só gosto de comer na minha casa ou na casa de alguém. E gosto de me servir sozinho, sem uma multidão atrás de mim ou na minha frente fazendo o mesmo.

E olha que eu já tive preconceito com o Spoleto. Eu já o conhecia bem antes de 2005. Estava para almoçar com um amigo no Botafogo Praia Shopping quando sugeri o restaurante de letreiro vermelho-vinho com faixas verticais amarelas. Queria experimentar. Mas ele, traumatizado, recusou dizendo que o restaurante era tão ruim que já serviu até para terminar namoro. Recorremos ao velho quilo. Passei sete anos com medo.

O medo acabou num dia em que eu estava no Rio Sul, fazendo compras com a minha mãe. Passava pela praça de alimentação. Não queria quilo e nem Bob’s. Muito menos perder tempo em restaurante a la carte.

Uma funcionária do Spoleto me viu na fila e explicou o sistema. Descobri que serviam capelletti ao molho branco e criei coragem. Pedi vários daqueles condimentos. Até quando eu podia pedir. O cozinheiro colocou tudo no prato, misturou com o molho, depois com a massa recém-saída do caldeirão, pôs no prato e na bandeja e só faltou pedir o refrigerante e pagar. Bem rápido. Mais rápido até que o McDonald’s. A minha mãe comeu no self-service.

Claro que a rapidez tem um preço. A massa é um pouco crua. Mas dá para comer bem. Engorda, claro. Mas não dá saciedade e tenho o prazer de almoçar fora sem dizer que eu só faço a dieta do palhaço (com hambúrguer). Outro ponto fraco? Tem sim: aquele rocambole de chocolate chamado Rigoletto que é tão doce que não tem gosto de nada. É também um fast-food caro. Outro dia estive em Cabo Frio e paguei 25 reais para comer o capelletti e o polpetone. Uma sugestão? Que os refrigerantes sejam de máquina. Combinariam mais com o gosto das massas.

Depois que eu conheci o Spoleto, fiquei viciado. Em qualquer lugar que eu vou e preciso comer fora, recorro a ele. Desde que eu esteja sozinho, porque pareço ser o único da família que gosta do Spoleto. Estava quase enjoando, inclusive do raviolli de camarão, quando eles lançaram o polpetone. Voltei a comer.

Apesar de gostar tanto, não como no Spoleto todo dia. Tento fugir para não enjoar do restaurante. Mas em qualquer lugar que eu passo, vejo um: Norte Shopping, Barra Shopping, Botafogo Praia, Rio Sul, Copacabana, Ipanema, Leblon, Largo do Machado, Tijuca, Cabo Frio, Petrópolis... São Paulo. Tem na Espanha e no México também, mas ainda não fui até lá. Só não tem em Bonsucesso. E agora tem até imitação do serviço. Juro que não estou fazendo jabá.

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