HISTÓRIA ENTRE 15 E 30 LINHAS - SIGISMUND VON NEUKÖMM

Por Lauro Henrique Alves Pinto*

Quando Sigismund von Neukömm nasceu, em 1778, na Áustria, Mozart tinha 22 anos e estava retornando de Paris a Salzburg, cidade onde ambos nasceram. Nesta ocasião, o compositor austríaco Haydn tinha 31 anos e já era o músico mais famoso da região. Haydn, professor de ambos, exerceu influência decisiva no estilo clássico que eles adotaram em suas composições.
Neukömm, que também estudara filosofia e matemática na Universidade de Salzburg, tornou-se organista e depois Mestre-do-Coro do teatro local e Mestre-de-Capela do Teatro Alemão em S.Petersburgo na Rússia, importante centro de cultura musical.

Em 1815, Neukömm decidiu instalar-se no Rio de Janeiro, a convite do príncipe D.João VI. Pesou na decisão o fato de que a jovem princesa Leopoldina de Habsburgo, sua conterrânea, fora prometida em casamento ao príncipe D.Pedro, cuja cerimônia ocorreria a 5 de novembro do ano seguinte.

O brilho incomum de Neukömm, difundindo a estética de Haydn e Mozart, eclipsou os músicos da corte e ele assumiu o cargo de Mestre-da-Capela real. Permaneceu no Rio de Janeiro até 1821 quando retornou à Europa, para ocupar importantes cargos em Viena, antes de ir-se para a Inglaterra e a Escócia onde tocou e compôs bastante. Lá, era sempre consultado na escolha dos órgãos das igrejas e suas registrações, comparecendo depois para tocar e improvisar nos concertos inaugurais.

Neukömm viveu 80 anos e deixou um acervo de mais de 2.000 obras, para piano, órgão, voz, coro, transcrições de sinfonias para o órgão além de óperas, música para o teatro, um melodrama, concertos, 48 missas e 8 oratórios, 200 canções e muitas composições menores. A sua obra é muito linda e está praticamente inédita, seja em gravações, partituras editadas, referências bibliográficas. Por isto não é conhecida.

No momento em que celebramos o bicentenário da passagem da família real portuguesa pelo Rio de Janeiro, é justo e necessário recolocar esta música em seu lugar de destaque.

(*) Lauro Henrique é pianista, professor e especialista em gestão cultural. Foi coordenador do curso de pós-graduação em Gestão da Cultura da Universidade Estácio de Sá até 2005.

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